quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Não se deixe vencer pelo cansaço.

Tarefa Solicitada, para o 6º ano do Centro Educacional Recriarte.


Ao não reconhecer e aceitar as próprias limitações, o vaidoso abre assim o caminho para sua infelicidade. Mascarar as perdas ou aceitar a verdade?Provavelmente você já tenha ouvido falar sobre a fábula atribuída a Esopo, lendário autor grego: “A Raposa e as Uvas”. Com pequenas variações, diz à narração que uma raposa vinha faminta pela estrada até que encontrou uma parreira com uvas maduras e apetitosas. Passou horas pulando tentando pegá-las, mas sem sucesso algum... Depois da luta e já cansada pelo esforço frustrado, saiu murmurando, dizendo que não queria mesmo aquelas uvas, porque afinal elas estavam verdes e não deviam ser boas. Quando já estava indo embora, um pouco mais à frente, escutou um barulho como se alguma coisa tivesse caído no chão... Não pensou duas vezes e voltou correndo por pensar que eram as uvas que estivessem caídas, pois bem sabia que estavam maduras... Mas ao chegar lá, para sua grande decepção, era apenas uma folha que havia caído da parreira. A raposa virou as costas e foi-se embora resmungando, amargurada, pelo resto da vida.
Responda:
a) “Vencer pelo cansaço” é uma forma válida de convencimento?
b) Compare uma situação em que você venceu pelo cansaço com outra em que você é que foi vencido pelo cansaço. Em que as sensações se diferenciam? Traga sua experiência para compartilhar com os colegas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Eu, Etiqueta.

Em minha calça está grudado um nome que não é meu de batismo ou de cartório, um nome...estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida que jamais pus na minha boca, nesta vida.
Em minha camiseta, a marca de cigarro que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto que nunca experimentei, mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido de alguma coisa não provado por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro, minha gravata, e cinto e escova e pente, meu corpo, minha xícara, minha toalha de banho e sabonete, meu isso, meu aquilo, desde a cabeça ao bico dos meus sapatos, são mensagens, letras falantes, gritos visuais, ordens de uso, abuso, reincidência, costume, hábito, premência, indispensabilidade, e fazem de mim homem - anúncio itinerante, escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda seja negar minha identidade, com outros seres diversos e conscientes de sua humana, invencível condição.
Agora sou anuncio, ora vulgar ora bizarro, em língua nacional ou em qualquer língua (qualquer principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória de minha anulação.
Não sou - vê lá – anuncio contratado.
Eu é que mimosamente pago para anunciar, para vender em bares festas praias pérgulas piscinas, e bem á vista exibo esta etiqueta global no corpo que desiste de ser veste e sandália de uma essência tão viva, independente, que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora meu gosto e capacidade de escolher, minhas idiossincrasias tão pessoais, tão minhas que no rosto se espelham, e cada gesto, cada olhar, cada vinco da roupa resumia uma estática?
Hoje sou costurado, sou tecido, sou grado de forma universal, saio da estamparia, não de casa, da vitrine me tiram, recolocam, objeto pulsante mas objeto que se oferece como signos de outros trocá-la por mil, açambarcando todas as marcas registradas, todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser eu que antes era e me sabia tão diverso de outros, tão mim mesmo, ser pensante, sentinte e solidário.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso de ser eu,mas artigo industrial, peço que meu nome retifiquem. Já não me convém o título de homem, meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente.

ANDRADE, Carlos Drummond de. O corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984. p.85-87.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O Pensamento Cristão.


Foi conquistada a cidade que conquistou o Universo. Assim definiu São Jerônimo o momento que marcaria a virada de uma época. Era a invasão de Roma pelos germanos e a queda do Império Romano.
A avalancha dos Bárbaros arrasou também grande parte das conquistas culturais do mundo antigo.
A Idade Média inicia-se com a desorganização da vida política, econômica e social do Ocidente, agora transformado num mosaico de reinos Bárbaros. Depois vieram as guerras, a fome e as grandes epidemias. O cristianismo propaga-se por diversos povos. A diminuição da atividade cultural transforma o homem comum num mosaico por crenças e superstições.
O período medieval não foi, porém, a Idade das Trevas, como se acreditava. A filosofia clássica sobrevive, confinada nos mosteiros religiosos. O Aristotelismo dissemina-se pelo Oriente bizantino, fazendo florescer os estudos filosóficos e as realizações científicas. No Ocidente, fundam-se as primeiras universidades, ocorre à fusão de elementos culturais Greco-romanos, cristãos e germânicos, e as obras de Aristóteles são traduzidas pêra o Latim.
Sob a influência da Igreja, as especulações se concentram em questões filosófico-teológicas, tentando conciliar a fé e a razão. È nesse esforço que Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino trazem à luz reflexões fundamentais para a história do pensamento cristão.
(COTRIM, Gilberto)

quinta-feira, 2 de julho de 2009

INSTITUIÇÃO SOCIAL FAMÍLIA

FAMÍLIA BRASILEIRA
A pesquisa do Datafolha é um levantamento por amostragem com abordagem em pontos de fluxo populacional com cotas de sexo e idade e sorteio aleatório dos entrevistados. O conjunto da população com 16 anos ou mais do país é tomado como universo da pesquisa e dividido em quatro sub-universos que representam as regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Norte/Centro-Oeste.Em casa sub-universo os municípios são agrupados e sorteados de acordo com o seu porte.Desta forma a pesquisa fornece resultado para o Brasil, regiões e natureza dos municípios que podem ser generalizados dentro de certos limites estatísticos.Nesse levantamento realizado nos dias 01 e 02 de agosto de 2007, foram realizadas 2093 entrevistas em 211 municípios nas seguintes unidades da federação: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Alagoas, Sergipe, Ceará, Distrito Federal, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão, Goiás, Tocantins, Pará, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Rondônia.A margem de erro máxima decorrente desse processo de amostragem é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos considerando um nível de confiança de 95%. Isto significa que se fossem realizados 100 levantamentos com a mesma metodologia, em 95 os resultados estariam dentro da margem de erro prevista.Essa pesquisa é uma realização da Gerência de Pesquisas de Opinião do Datafolha.

Dados:- 3,8 é o número médio de pessoas por casa - A quantidade média de filhos por família é 2,7 - 27% dos casais estão juntos há mais de dez e menos de 20 anos - Os casados com filhos que têm renda de até dez salários mínimos são 91% - Os brasileiros que não costumam conversar durante as refeições equivalem a 30% - 35% dos brasileiros ganham até dois salários mínimos, e outros 24% ganham entre dois e três salários mínimos - 65% têm escolaridade de nível médio e 15% nível superior - 49% dos homens arcam com a maior parcela das despesas da família. Entre as mulheres, esse percentual cai para 29%Relações de família- 76% dos entrevistados avaliam como ótima/boa a relação com o pai, enquanto 91% dizem o mesmo da relação com a mãe- 71% consideram ótimo/bom o relacionamento com irmãos e 68% com irmãs - No caso do almoço dominical com pai/mãe, 92% professam o hábito; com os filhos, 96%. Com outros integrantes da família, 90% almoçam com avô/avó- Em 90% dos casos em que o filho fica doente quem cuida é a mãe, contra 15% o pai. Acompanhar refeições (83%, elas a 18%, eles); levar ao médico ou dentista (89% a 22%); e ir a reuniões na escola (78% a 21%)- Para 93% delas, o relacionamento é considerado ótimo/bom com os filhos. E 65% avaliam ter dedicado o tempo necessário aos filhos. Já entre os homens, 88% avalia a relação com filhos como ótima/boa e apenas 49% acham que dedicaram o tempo necessário.Labuta doméstica- 9% têm faxineira- 4%, empregado doméstico- 1% dorme no empregoSolidão pesa mais para elas- 60% de quem mora sozinho na região Sul avalia a experiência como ótima/boa; é o maior percentual do país- 38% dos que moram sozinhos nas regiões Norte/Centro-Oeste avaliam a experiência como ótima/boa. No Nordeste, são 42%; no Sudeste, 54% - Na faixa dos 26 aos 40 anos, 77% das mulheres reclamam da falta de companhia; eles são apenas 30% - 37% dos brasileiros são solteiros- 24% de mulheres e homens solteiros no país moram com os paisImpactos da separação- 1 em cada 3 jovens diz ser filho de pais separados, mas apenas 9% dos entrevistados declaram esta situação- 6% são viúvos - Em 75% dos caso é a mulher quem ajuíza o pedido de divórcio- Só 45% pagam pensão. 43% dos que ganham de dez a 20 salários mínimos pagam, contra 31% dos que recebem mais de 20 salários- O percentual de homens que paga pensão para a ex-mulher é de 7%. Entre as mulheres, a taxa das que pagam pensão aos filhos é de 1%- 1 em cada 3 jovens é filho de separados- 22% dos sulistas têm os pais separados, contra 25% em todas as outras regiões do país- 2% dos entrevistados declararam ter filhos de outra relação, e menos ainda, 1%, convivem com filhos de casamento anterior e do atualCasamento e fidelidade- Quatro em cada dez mulheres votaram na “fidelidade” como o item mais importante para um casamento feliz. 35% delas preferiram o ''amor, 14% a “honestidade” e, surpresa, “filhos” e “vida sexual satisfatória” foram a opção de apenas 5%- Para 37% dos homens a fideleidade também é o mais importante para o casamento, seguido de 35% o amor. - 49% de brasileiros casados- 44% selam a união tanto em cartório de registro civil quanto em igreja- Entre os homens, 50% querem se casar novamente e 318, não; entre as mulheres, o cenário é o oposto - A classe A/B trai mais : 24% contra 16% na D/E - Entre os que têm de 16 a 25 anos, 92% dos homens afirmam que o casamento está “ótimo” e “bom”. A diferença com as mulheres é de apenas três pontos percentuais: 89%. - Depois dos 41 anos: 87% dos homens consideram ''bom ou ótimo'' o seu casamento,contra 77% das mulheres. - 14% é o menor índice dos que acham que a fidelidade deve ser a principal qualidade de uma mulher e é registrado na faixa dos que ganham mais de 20 SM. Entre os mais pobres, é de 21% - 14% dos casais entrevistados não têm filhos- Solteiros que já se casaram ou viveram com alguém como se fossem casados são 17% - 84% discorda de que o casamento deva ser mantido pelo “bem dos filhos”Drogas e homossexualismo- Entre os que ganham mais de 20 salários mínimos mensais, cai para 50% os que consideram muito grave fumar maconha - No Norte/Centro-Oeste e no Sul a tolerância ao homosexualismo cai para 15%; no Nordeste, 10% - 57% acham que uma relação homossexual de um filho homem é ''muito grave''. Já se o ocorresse com uma filha, 55% dos entrevistados não achariam ''muito grave''.Aborto- 87% condenaram a interrupção da gravidez. No caso de acontecer dentro da família o número decresce para 71%- A resposta de o aborto ser “moralmente errado” foi dada por 90% dos que têm ou cursam ensino fundamental e por 77% dos de ensino superior- 82% responderam que forneceriam apoio para que a filha levasse a frente a gravidez em qualquer situação. Mas quando a pergunta troca de gênero e se refere a um filho que engravidasse uma garota, o índice dos que apoiariam o nascimento em qualquer circunstância cai para 71% - 15% dos pais entrevistados pressionam filhos a casar quando há a gravidezFamília espalhada- 15% dos pesquisados têm alguém da família morando atualmente no exterior- 27% dos que têm alguém da família que mora no exterior têm formação superior, bem mais que os 11% que têm apenas ensino fundamental - 33% dos parentes de emigrados entrevistados tem renda superior a 20 salários mínimos- A maioria relativa dos emigrados (19%) é das regiões Norte e Centro-OesteVeja a íntegra da pesquisaFonte: Vermelho/ FSPPublicado em 08/10/2007

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sobre a filosofia de Aristóteles, segundo Jostein Gaarder

SOBRE A FILOSOFIA DE ARISTÓTELES:

Aristóteles de Estagira. (384 a. C à 322 a. C.)
FILÓSOFO E CIENTISTA

Querida Sofia! Certamente você ficou impressionada com a teoria das ideias, de Platão. E você não é a primeira. Não sei se você aceitou tudo sem maiores problemas, ou se tem algum comentário crítico a fazer. Mas se você fez críticas à teoria de Platão, saiba que estas mesmas críticas já foram feitas por Aristóteles (384-322 a.C.). Durante vinte anos ele foi aluno da Academia de Platão.
Aristóteles não nasceu em Atenas. Ele era natural da Macedônia e veio para a Academia quando Platão tinha sessenta e um anos. Seu pai era um médico de renome; um cientista da natureza, portanto. Este pano de fundo já diz alguma coisa sobre o projeto filosófico de Aristóteles. Seu maior interesse estava justamente na natureza viva. Ele não foi apenas o último grande filósofo grego; foi também o primeiro grande biólogo da Europa.
Exagerando um pouco, podemos dizer que Platão estava tão mergulhado nas formas eternas, no mundo das “ideias”, que quase não registrou as mudanças da natureza. Aristóteles, ao contrário, interessava-se justamente pelas mudanças, por aquilo que hoje chamamos de processos naturais.
Exagerando mais ainda, podemos dizer que Platão se apartou do mundo dos sentidos e que só percebia muito superficialmente tudo aquilo que vemos ao nosso redor. (É que ele queria escapar da caverna para espiar o eterno mundo das ideias!) Aristóteles fez exatamente o contrário: ele saiu ao encontro da natureza e estudou peixes e rãs, anêmonas e papoulas.
Você bem poderia dizer que enquanto Platão usou apenas sua razão, Aristóteles – ao contrário – usou também seus sentidos.
Mas há nítidas diferenças entre eles, até mesmo na forma de escrever. Enquanto Platão era poeta e criador de mitos, os escritos de Aristóteles são sóbrios e pormenorizados como os verbetes de uma enciclopédia. Em compensação, muito do que ele escreveu estava baseado em estudos naturais realizados com extrema diligência.
Registros da Antiguidade dão conta de não menos que cento e setenta títulos assinados por Aristóteles. Destes, quarenta e sete chegaram até nossos dias. Não se tratava de livros completos. A maior parte dos escritos de Aristóteles compõe-se de apontamentos feitos para suas aulas. Também na época de Aristóteles, a filosofia era essencialmente uma atividade oral.
A importância de Aristóteles para a cultura européia está também no fato de ele ter criado uma linguagem técnica usada ainda hoje pelas mais diversas ciências. Ele foi o grande sistematizador, o homem que fundou e ordenou as várias ciências.
Como Aristóteles escreveu sobre todas as ciências, vou me limitar a tratar aqui sobre algumas das áreas mais importantes.
E como me detive tanto em Platão, quero falar a você primeiramente sobre os argumentos de Aristóteles contra a teoria das idéias de Platão. Na seqüência, veremos como ele formulou sua própria filosofia natural. Afinal, Aristóteles resumiu o que os filósofos naturais haviam dito antes dele. Veremos também como ele tenta colocar em ordem nossos conceitos e funda a lógica como ciência. Por fim, vou falar um pouco sobre a visão que Aristóteles tinha do homem e da sociedade.
O mundo de Sofia, GAARDER, Jostein; Cia. das Letras, São Paulo, 1998. p. 121-2

Para os Alunos da Turma 6º ano B. do Centro Educacional Recriarte.

No Caderno:
1) O que ficou para você desse trecho do Romance “O Mundo de Sofia”
2) Aponte a divergência intelectual entre Platão e Aristóteles:
3) Por que para Platão o conhecimento sensorial poderia levar o homem ao erro? Justifique com um trecho do romance:
4) Pesquise os termos:
a) Inatismo:
b) Realismo:
c) Empirismo:
d) Racionalismo:

terça-feira, 7 de abril de 2009



Todo homem é filósofo.


"É preciso destruir o preconceito, muito difundido, de que a filosofia é algo muito difícil pelo fato de ser a atividade intelectual própria de uma determinada categoria de cientistas especializados ou de filósofos profissionais e sistemáticos. É preciso, portanto,demonstrar preliminarmente que todos os homens são "filósofos",definindo os limites e as características desta "filosofia espontânea", peculiar a "todo o mundo", isto é, da filosofia que está contida:
1) na própria linguagem, que é um conjunto de noções e de conceitos determinados e não, simplesmente, de palavras gramaticalmente vazias de conteúdo;
2) no senso comum e no bom senso;
3) na religião popular e, consequentemente, em todo o sistema de crenças, superstições, opiniões, modos de ver e de agir que se manifestam naquilo que geralmente se conhece por "folclore". Após demonstrar que todos são filósofos, ainda que a seu modo,inconscientemente -já que, até mesmo na mais simples manifestação de uma atividade intelectual qualquer, na "linguagem", está contida uma determinada concepção do mundo-, passa-se ao segundo momento, ao momento da crítica e da consciência, ou seja, ao seguinte problema: é preferível "pensar" sem disto ter consciência crítica, de uma maneira de sagregada e ocasional, isto é, "participar" de uma concepção domundo "imposta" mecanicamente pelo ambiente exterior, ou seja, por um dos muitos grupos sociais nos quais todos estão automaticamente envolvidos desde sua entrada no mundo consciente (e que pode ser a própria aldeia ou a província, pode se originar na paróquia e na "atividade intelectual" do vigário ou do velho patriarca, cuja "sabedoria" dita leis, na mulher que herdou a sabedoria das bruxas ou no pequeno intelectual avinagrado pela própria estupidez e pela impotência para a ação), ou é preferível elaborar a própria concepção do mundo de uma maneira consciente e crítica e, portanto, em ligação com este trabalho do próprio cérebro, escolher a própria esfera de atividade, participarativamente na produção da história do mundo, ser o guia de si mesmo e não mais aceitar do exterior, passiva e servilmente, amarca da própria personalidade? Pela própria concepção do mundo, pertencemos sempre a um determinado grupo, precisamente o de todos os elementos sociais que compartilham um mesmo modo de pensar e de agir. Somos conformistas de algum conformismo, somos sempre homens-massa ou homens-coletivos. O problema é o seguinte: qual é o tipo histórico de conformismo, de homem-massa do qual fazemos parte? Quando a concepção do mundo não é crítica e coerente, mas ocasional e desagregada, pertencemos simultaneamente a uma multiplicidade de homens-massa, nossa própria personalidade é compósita, de uma maneira bizarra: nela se encontram elementos dos homens das cavernas e princípios da ciência mais moderna e progressista, preconceitos de todas as fases históricas passadas estreitamente localistas e intuições de uma futura filosofia que será própria do gênero humano mundialmente unificado. Criticar a própria concepção do mundo, portanto, significa torná-la unitária e coerente e elevá-la até o ponto atingido pelo pensamento mundial mais evoluído. Significa também, portanto, criticar toda a filosofia até hoje existente, na medida em que ela deixou estratificações consolidadas na filosofia popular. O início da elaboração crítica é a consciência daquilo que é realmente, isto é, um "conhece-te a ti mesmo" como produto do processo histórico até hoje desenvolvido, que deixou em ti uma infinidade de traços acolhidos sem análise crítica. Deve-se fazer,inicialmente, essa análise."


ANTONIO GRAMSCI

quinta-feira, 26 de março de 2009




VISIONAMENTO DO FILME “A GUERRA DO FOGO”

“A guerra do fogo não ocorreu porque alguém sabia o uso prático que o fogo teria, e sim porque era fascinante.” Joseph Campbell

VAMOS VER O FILME!

A obra cinematográfica A GUERRA DO FOGO narra a história de uma tribo Homo Sapiens, ou talvez Cro Magnon, que detém o conhecimento de como manter o fogo aceso, mas não de como produzi-lo. Quando um ataque de uma tribo Homo Neanderthalensis, rival, extingue sua chama primordial, três membros saem numa jornada para conseguir outra chama e reavivar o seu fogo perdido. Durante a jornada, os três entram em contacto com o Homo Sapiens Sapiens, ao salvarem um deles das mãos de uma tribo Homo Neanderthalensis antropófaga. Do contacto com este indivíduo e com sua tribo, mais avançado tecnologicamente, são expostos a diversos conhecimentos novos, principalmente à arte de produzir fogo.

A história narrada no filme “A GUERRA DO FOGO” é “uma jornada de nove meses que resume 40,000 anos de história da humanidade em apenas 125 minutos”. (J. J. ANAUD 2006).
Outra questão relevante que está presente na narrativa é o fato do filme ter como moral da história a descoberta do amor. Narra a história de um personagem que passa de um estado de relações de dominância a um estado de relações emocionais.
Roteiro de Estudo:

1. Por que é que durante a narrativa os personagens sopram, durante a obtenção do fogo?
2. Como é que sabemos que o filme se passa no Paleolítico?
3. Com que intenção os personagens queriam manter o fogo?
4. Como era a alimentação e a habitação destes homens?
5. Aspecto que justifica o nomadismo:
6. Alguma espécie de arte?
7. Que personagem passa de um estado de relações de dominância a um estado de relações emocionais descobrindo o amor?
8. Descreve um momento que indique que os personagens se apaixonaram.

Lançado em 1981, numa produção Franco-Canadiana, La Guerre du feu é uma longa metragem que trata de levantar hipóteses sobre a origem da linguagem através da busca de três homo sapiens para conseguirem uma nova fonte de fogo perdida pela sua tribo; o fogo é um elemento divino e tenebroso para eles. O delírio sobre como esses três guerreiros se relacionariam/comunicariam, encontrariam, disputariam e fariam interações subjectivas é a base do roteiro assinado por Anthony Burguess, foneticista e consagrado autor do livro Laranja Mecânica. Burguess faz incríveis adaptações e linguagens usadas por aqueles hominídeos além de tornar compreensível toda uma história.