quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A triste história de crianças lobo ou nem só de genes e cérebro vive o homem.

O desenho animado "Mogli, o Menino Lobo", de Walt Disney, é bastante conhecido. Inspirado no "Livro da Jângal", de Rudyard Kipling, o desenho conta a história de uma criança que, ainda bebê, perde-se de sua família e é adotada e criada por lobos, no coração da selva da Índia. Na história original, Mogli cresce interagindo e conversando com os bichos e, quase adolescente, reintegra-se facilmente ao seu grupo humano antes de ser expulso como "bruxo", devido ao seu poder sobre os bichos. Kipling (1865-1936), que nasceu na Índia, inspirou-se em histórias contadas nesse país sobre crianças que se perdiam na selva e acabavam vivendo com os bichos. E, de fato, existem registros claros, especialmente na Índia e na Europa, de alguns casos de crianças "selvagens". Elas se perderam muito jovens de suas famílias, que viviam à beira de florestas, e cresceram sem contato com os humanos, antes de serem encontradas e trazidas para a "civilização". Infelizmente, em todos os casos conhecidos, as coisas se passaram de forma muito diferente do que na criação genial e romântica de Kipling: Uma das histórias mais bem documentadas envolvendo "crianças lobo" é a de duas meninas completamente selvagens, resgatadas por uma expedição que massacrou os lobos com quem elas viviam, perto de um vilarejo no norte da Índia, em 1920. O comportamento das duas crianças causou espanto, pois "quando foram encontradas, as meninas não sabiam andar sobre os pés, mas se moviam rapidamente de quatro. É claro que não falavam, e seus rostos eram inexpressivos. Queriam apenas comer carne crua, tinham hábitos noturnos, repeliam o contato dos seres humanos e preferiam a companhia de cachorros e lobos". Amala, a menina mais nova, parecia ter um ano e meio e morreu pouco menos de um ano depois. Kamala, a outra irmã, tinha mais de oito anos quando foi encontrada e sobreviveu por nove anos, morrendo em novembro de 1929. A evolução de Kamala, registrada pelo casal de missionários que cuidava dela em um orfanato, foi significativa, porém limitada. Ela conseguiu aprender a caminhar só com as pernas e mudar seus hábitos alimentares, aprendeu muitas palavras e sabia usá-las, embora nunca tenha chegado a falar com fluência. Apesar dos progressos de Kamala, "a família do missionário anglicano que cuidou dela, bem como outras pessoas que a conheceram intimamente, nunca sentiu que fosse verdadeiramente humana". O processo de educação ao qual Kamala foi submetida pode ser extremamente criticado, do ponto de vista do que sabemos hoje, pois houve uma grande ênfase na imposição de hábitos "civilizados" e, apesar do carinho dos que cuidaram dela, nenhuma preocupação com os aspectos traumáticos que toda a experiência certamente tinha para ela. Assim, ficamos sem saber até que ponto Kamala poderia ter evoluído, se tivesse passado por um processo mais terapêutico e menos didático de reintegração ao mundo. O mesmo pode ser dito em relação a outras crianças selvagens que ficaram famosas, como Victor de Aveyron, encontrado em 1798 na França e que o francês Jean Itard tentou educar de forma muito interessante, porém extremamente diretiva. Como não temos mais notícias de crianças selvagens desde a década de 20, não podemos fazer novas experiências de reeducação, e temos que nos consolar com os poucos dados que a história nos oferece. Resta-nos a constatação de que, depois de anos de esforços pedagógicos intensos, algumas delas chegaram a humanizar-se um pouco, mas, desprovidas por anos da riqueza das interações que levam as crianças ao domínio da linguagem e dos símbolos, jamais chegaram sequer perto de poder ser comparadas com crianças normalmente socializadas. Para Lucien Malson, que escreveu em 1963 um belíssimo livro sobre as crianças selvagens, a conclusão é clara: "Será preciso admitir que os homens não são homens fora do ambiente social, visto que aquilo que consideramos ser próprio deles, como o riso ou o sorriso, jamais ilumina o rosto das crianças isoladas". A triste e comovente história das crianças selvagens, que sobreviveram quase milagrosamente entre os bichos e penaram para alcançar apenas as mais básicas marcas de uma existência "civilizada", deixa uma lição que não pode ser ignorada: sem o denso tecido de interações sociais do qual participa toda criança, simplesmente não há humanidade. Um bebê sem outros humanos é algo tão impensável como peixes sem água, como uma planta sem terra nem sol. A psicologia, ciência dos indivíduos, só pode existir se reconhecer o paradoxo em sua base: sem os outros, não há indivíduo. Teorias que esquecem ou ignoram essa ideia básica deveriam ser relegadas às selvas do esquecimento...

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A Devoração Da Esperança No Próximo.

Filosofia – 7º ano. O episódio ocorreu num dos grandes hospitais psiquiátricos do Rio. Uma cliente, pessoa simples, com baixo nível de escolarização e tida como louca, falava de sua vida em família. Dizia que um irmão tinha sido preso por tráfico de drogas e outro, morto pela polícia. Um dos terapeutas perguntou-lhe por que seu irmão havia sido morto. Ela respondeu: "Porque eles (os policiais) não gostam de gente"! De vez em quando é preciso dar ouvidos à desrazão. A onda de violência que vivemos hoje deve-se a incontáveis motivos. Um deles parece-me especialmente virulento: o desinvestimento cultural na idéia do "próximo". Muitos historiadores, filósofos e cientistas políticos referem-se ao "nascimento do próximo" como um evento particular ao Ocidente. Nem sempre o outro foi visto como próximo, ou seja, como alguém que, pelo simples fato de ser humano, é aceito como "um de nós". Este fato cultural surgiu com o cristianismo, prosseguiu no Renascimento, ganhou realidade político-jurídica nas Revoluções Americana e Francesa e continuou presente nos projetos liberal-democrático e socialista dos séculos 19 e 20. Assim, na atualidade, habituamo-nos a ver em qualquer humano um semelhante e esquecemos que esta crença nem sempre foi intuitiva e imediata. Historicamente, o "amai-vos uns aos outros" não se impôs pelo exemplo de doçura, bondade e entrega de Jesus de Nazaré, de alguns de seus discípulos ou primeiros mártires. Aprendemos a ver no outro "um próximo" pela força das armas; pelas fogueiras da inquisição; pela perseguição aos inimigos políticos; pelo degredo, prisão, assassinato ou extermínio em massa dos infiéis, hereges, dissidentes e desviantes. Quando as revoluções democrático-burguesas aconteceram, grande parte das elites ocidentais estava preparada para tomar como natural e desejável a idéia de que todos fôssemos livres, iguais e fraternos. O respeito pela vida e a certeza de que o outro é um parceiro virtual na realização de nossas aspirações afetivas ou na construção de uma sociedade mais justa tornaram-se premissas práticas, inconscientes e pré-reflexivas, de nossas crenças morais. Mas, para que a recomendação do amor ao próximo fosse psicologicamente viável, a cultura ocidental fez da identidade do sujeito moderno espelho da contradição entre os ideais e a realidade. Buscando conciliar a industrialização, o capitalismo ou o imperialismo com a mínima moral democrática, as elites criaram um indivíduo cujo aprendizado da cidadania fundou-se em dois pilares centrais: a disciplina do trabalho e a disciplina da família. Na disciplina do trabalho, ele aprendia que seu esforço era nobre, pois produzia riquezas, e sua recompensa era a elevação do nível de vida material; na disciplina da família, aprendia a procriar corretamente, tendo em troca as promessas do sexo seguro e o direito de amar conforme a fantasia do amor-paixão romântico. Este amante bem-educado, bom trabalhador e bom pai de família foi à retranca privada que garantiu, por longo tempo, o semblante de harmonia do espaço público. Sua imagem era o emblema da civilização e dos bons costumes e, em seu nome, preconceitos, dominação e espoliação econômico-cultural de pessoas, classes ou povos submetidos foram interpretados e justificados como "ocorrências parasitárias"; "desvios de percurso"; "etapas infelizes, mas necessárias" rumo ao paraíso burguês na terra. A receita funcionou até que o progresso técnico e a sede de lucros mostraram que a "dignidade do trabalho" durou enquanto foi útil. Do mesmo modo, a moral familiar sucumbiu à moral do consumo, à saturação sexual da intimidade e às manifestações sociais dos discriminados, sob a forma de políticas das minorias ou políticas identitárias. De repente, as elites deram-se conta de que o universo patriarcal burguês desabara. Homens e mulheres já não se entendem sobre "o que é o feminino" e "o que é o masculino"; pais e filhos já não sabem mais "o que é paternidade" e "o que é filiação"; adultos e crianças perguntam-se "o que é ser jovem" e "o que é envelhecer" e todos, em guerra uns com os outros, pedem ao sexo e ao amor-romântico que lhes devolvam o apetite de viver que o insensato mundo lhes roubou. Raramente pensam que o desmoronamento da vida privada é a contraface do esvaziamento da vida pública e que o primeiro não tem conserto, enquanto o segundo persistir torto. Na esfera pública, os sinais do rebaixamento da imagem do "próximo" saltam à vista: o povo tornou-se "massa de consumidores"; política, defesa corporativa de interesses privados e à medida em que informatizamos indústrias, comércios, finanças e cabeças, desempregamos milhões de pessoas, sem a menor hesitação moral. Fomos adiante. Substituímos a prática da reflexão ética pelo treinamento nos cálculos econômicos; brindamos alegremente o "enterro" das utopias socialistas; reduzimos virtude e excelência pessoais a sucesso midiático; transformamos nossas universidades em máquinas de produção padronizada de diplomas e teses; multiplicamos nossos "pátios dos milagres", esgotos a céu aberto, analfabetos, delinquentes, e, por fim, aderimos à lei do mercado com a volúpia de quem aperta a corda do próprio pescoço, na pressa de encurtar o inelutável fim. (Jurandir Freire Costa). Questões de análise e entendimento (tarefa). 1) Como você interpreta a seguinte afirmação do autor: “desaprendemos a gostar de gente”. 2) Você concorda ou não com o autor quando ele diz “relacionar-se intimamente com alguém tornou-se uma tarefa cansativa”? Por quê? 3) Colete para debate exemplos em suas relações familiares e de amizade que revelem a perda de esperança no próximo. 4) Pesquise com seus amigos e familiares, soluções criativas para resolver o problema do individualismo e do narcisismo na sociedade atual. Apresente-as no debate. 5) É possível ser feliz hoje? Comente:

quarta-feira, 20 de junho de 2012

TAREFA PARA 6º ANO - RECRIARTE

A maravilha como início do filosofar. "A maravilha sempre foi, antes como agora, a causa pela qual os homens começaram a filosofar: a princípio, surpreendiam-se com as dificuldades mais comuns; depois, avançando passo a passo, tentavam explicar fenômenos maiores, como, por exemplo, as fases da lua o curso do sol e dos astros e, finalmente, a formação do universo. Procurar uma explicação é admirar-se; é reconhecer-se ignorante. Por isso, pode-se dizer que sob certo aspecto o filósofo é também amante do MITO: uma vez que o MITO se compõe de maravilhas." ARISTÓTELES, Metafísica. 1.1. Responda: a) Como, então o grande Aristóteles afirma que o “filósofo é também amante do mito”? b) Segundo Aristóteles, o problema mais importante para o homem refere-se à formação do universo. Por que? c) Qual a diferença entre saber-se ignorante e ser simplesmente ignorante?

sábado, 5 de maio de 2012

A origem da Filosofia.

Escola de Educação Professor José Arantes. Professor: José Wilson. Filosofia – 1º ano. A origem da filosofia. Segundo alguns historiadores da Filosofia, a mesma surgiu por volta do final do século VII e início do século VI a.C., na cidade grega de Mileto, na região Jônia. O primeiro filósofo foi Tales de Mileto. Tales desenvolveu a idéia da Cosmologia, ou ordem da Natureza. Formulou um conhecimento racional e sintético da mesma. Cosmos significa “ordenação do mundo e das coisas naturais” e logos significa estudo, palavra, pensamento racional. Então, a cosmologia é um estudo sobre as coisas da natureza: sua origem, o que causa, enfim. As condições históricas que favoreciam o surgimento da filosofia: 1. as viagens marítimas (contato com novas culturas); 2. a invenção do calendário (planejamento do futuro); 3. a invenção da moeda (nova abstração – a medida em que a moeda coloca sobre o mesmo valor coisas distintas) 4. o surgimento da vida urbana (foi necessário se organizar cidades conforme leis); 5. a invenção da escrita alfabética (da oralidade se passa a fixar o pensamento); 6. a invenção da política (fundamental para o surgimento do discurso e da dialética). As três características fundamentais dos mitos gregos que favoreceram o surgimento da filosofia por conduzirem à racionalização: 1. a humanização dos deuses (antropormofização: transformados em humanos, tanto em forma como em sentimento); 2. o não temor aos mortos, pois as almas ou espíritos iam para Hades e não interferiam na vida dos homens; 3. a exaltação dos valores da vida presente descritos em um mundo luminoso composto de deuses da luz. (exaltavam coragem, bravura, etc.) Essas três características afastavam o monstruoso e traziam racionalidade e clareza, o que conduzirá à visão filosófica do universo governado pela razão. A palavra dios, genitivo de Zeus, dá origem aos termos deus e dia. Diferenças entre mito e logos: 1. O pensamento mítico pertence ao campo do pensamento e da linguagem simbólica. O pensamento lógico pertence ao campo do pensamento e da linguagem conceitual. 2. A imaginação cria mitos e o pensamento elabora conceitos. 3. O mito possui caráter mágico-maravilhoso e simbólico, pode ser visto nas artes. Logos possui um caráter conceitual, próprio das ciências (filosofia). Ambas sempre existiram. De acordo com o antropólogo Claude Leví-Strauss, o mito possui sua função social: 1. explicativa: explica o presente por alguma ação passada. Exemplo: por algum erro passado estamos vivendo esta calamidade. 2. compensatória: os erros passados foram corrigidos no presente; 3. organizativa: organiza as relações sociais. Alguns mitos, por exemplo, o de Édipo, garentem a proibição do incesto. O mito organiza a realidade dando às coisas um sentido analógico, metafórico e, portanto, simbólico. Os símbolos formados a partir de analogias e metáforas são imagens com sentidos múltiplos que encarnam a própria coisa, ou seja, o símbolo mítico encarna o objeto simbolizado, portanto, ele não o representa, mas é o próprio objeto. Resumidamente, a distinção entre pensamento mítico e lógico fica evidenciada na distinção entre o pensamento cosmogônico e o pensamento cosmológico elaborados na Grécia Antiga. O pensamento cosmogônico explica a origem da natureza através de narrativas mitológicas. O pensamento cosmológico, que é próprio dos filósofos pré-socráticos, explica a origem da natureza a partir das relações e transformações entre os elementos naturais (terra, fogo, água e ar). No pensamento mítico temos imaginação, e o encarnar da própria coisa. No pensamento lógico, temos o representar a própria coisa e não o encarnar a própria coisa. Existem controvérsias sobre o nascimento histórico da filosofia, na qual dois grupos se confrontam com duas linhas de interpretação, que são: os “orientalistas” que consideram o nascimento da filosofia a partir de transformações operadas na sabedoria oriental (que era extremamente prática), e a dos “ocidentalistas” que afirmam sua originalidade na Grécia, chamando-a até mesmo de “milagre grego”. Assim, podemos afirmar que não há um “milagre grego” ou um orientalismo exacerbado, mas que a filosofia grega tem seus alicerces na sabedoria prática-oriental. Mas, se opondo ao conhecimento empírico e pragmático dos orientais, os gregos buscaram uma unidade racional que organiza e integra tanto os conhecimentos teóricos quanto os práticos. O que realmente importa, é que ouve uma passagem de uma mentalidade mito-poética “fazedora de mitos” para a mentalidade teorizante. E tal passagem resulta de um longo processo de racionalização da cultura. Não há um milagre grego. A filosofia grega tem seus alicerces na filosofia prática-oriental. Mas ela busca dar uma unidade racional, ou seja, organiza e integra tanto o conhecimento teórico como prático. Exemplos: os rituais de cura dos orientais, que tornaram-se na grécia a medicina. Matemática = aritmética e geometria. Astrologia = astronomia. Então é fundamental distinguir mas não estabelecer uma ruptura radical. Pitágoras de Samos cunhou a palavra de filosofia: palavra composta por filo, que vem de philia, ou amizade, amor, e de sophia, que significa sabedoria. Por tanto philosophia significa amizade ou amor à sabedoria. Segundo Pitágoras de Samos, a sabedoria seria privilégio dos deuses, restando aos homens apenas a possibilidade de amá-la, desejá-la, serem seus amigos, ou seja, serem filósofos. O saber filosófico, como visto na história da filosofia, significa tanto conhecimento teórico sobre o mundo, como o conhecimento prático sobre a ética e a felicidade. Os Pré-Socráticos Podemos afirmar que foi a primeira corrente de pensamento, surgida na Grécia Antiga por volta do século VI a.C. Os filósofos que viveram antes de Sócrates se preocupavam muito com o Universo e com os fenômenos da natureza. Buscavam explicar tudo através da razão e do conhecimento científico. Podemos citar, neste contexto, os físicos Tales de Mileto, Anaximandro e Heráclito. Pitágoras desenvolve seu pensamento defendendo a idéia de que tudo preexiste a alma, já que esta é imortal. Demócrito e Leucipo defendem a formação de todas as coisas, a partir da existência dos átomos. Período Clássico Os séculos V e IV a.C. na Grécia Antiga foram de grande desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de cidades como Atenas, e seu sistema político democrático, proporcionou o terreno propício para o desenvolvimento do pensamento. É a época dos sofistas e do grande pensador Sócrates. Os sofistas, entre eles Górgias, Leontinos e Abdera, defendiam uma educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão pleno, preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. Dentro desta proposta pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para falar bem ( retórica ), pensar e manifestar suas qualidades artísticas. Sócrates começa a pensar e refletir sobre o homem, buscando entender o funcionamento do Universo dentro de uma concepção científica. Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano. Ele não deixou textos ou outros documentos, desta forma, só podemos conhecer as idéias de Sócrates através dos relatos deixados por Platão. Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as idéias formavam o foco do conhecimento intelectual. Os pensadores teriam a função de entender o mundo da realidade, separando-o das aparências. Outro grande sábio desta época foi Aristóteles que desenvolveu os estudos de Platão e Sócrates. Foi Aristóteles quem desenvolveu a lógica dedutiva clássica, como forma de chegar ao conhecimento científico. A sistematização e os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao conhecimento pretendido, partindo sempre dos conceitos gerais para os específicos. Período Pós-Socrático Está época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o começo da Era Cristã, dentro de um contexto histórico que representa o final da hegemonia política e militar da Grécia. Ceticismo: de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano não consegue conhecer nada de forma exata e segura. Epicurismo: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam que o bem era originário da prática da virtude. O corpo e a alma não deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer. Estoicismo: os sábios estóicos como, por exemplo Marco Aurélio e Sêneca, defendiam a razão a qualquer preço. Os fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como a emoção, o prazer e o sofrimento. Pensamento Medieval O pensamento na Idade Média foi muito influenciado pela Igreja Católica Desta forma, o teocentrismo acabou por definir as formas de sentir, ver e também pensar durante o período medieval. De acordo com Santo Agostinho, importante teólogo romano, o conhecimento e as idéias eram de origem divina. As verdades sobre o mundo e sobre todas as coisas deviam ser buscadas nas palavras de Deus. Porém, a partir do século V até o século XIII, uma nova linha de pensamento ganha importância na Europa. Surge a escolástica, conjunto de idéias que visava unir a fé com o pensamento racional de Platão e Aristóteles. O principal representante desta linha de pensamento foi São Tomás de Aquino. Pensamento Filosófico Moderno. Com o Renascimento Cultural e Científico, o surgimento da burguesia e o fim da Idade Média, as formas de pensar sobre o mundo e o Universo ganham novos rumos. A definição de conhecimento deixa de ser religiosa para entrar num âmbito racional e científico. O teocentrismo é deixado de lado e entre em cena o antropocentrismo ( homem no centro do Universo ). Neste contexto, René Descartes cria o cartesianismo, privilegiando a razão e considerando-a base de todo conhecimento. A burguesia, camada social em crescimento econômico e político, tem seus ideais representados no empirismo e no idealismo. No século XVII, o pesquisador e sábio inglês Francis Bacon cria um método experimental, conhecido como empirismo. Neste mesmo sentido, desenvolvem seus pensamentos Thomas Hobbes e John Locke. Conhecido como o percursor do pensamento filosófico moderno, o filósofo e matemático francês René Descartes dá uma grande contribuição para a Filosofia no século XVII ao desenvolver o Método Cartesiano. De acordo com este método, só existe aquilo que pode ter sua existência comprovada. O iluminismo surge em pleno século das Luzes, o século XVIII. A experiência, a razão e o método científico passam a ser as únicas formas de obtenção do conhecimento. Este, a única forma de tirar o homem das trevas da ignorância. Podemos citar, nesta época, os pensadores Immanuel Kant, Friedrich Hegel, Montesquieu, Diderot, D'Alembert e Rosseau. O século XIX é marcado pelo positivismo de Auguste Comte. O ideal de uma sociedade baseada na ordem e progresso influencia nas formas de refletir sobre as coisas. O fato histórico deve falar por si próprio e o método científico, controlado e medido, deve ser a única forma de se chegar ao conhecimento. Neste mesmo século, Karl Marx utiliza o método dialético para desenvolver sua teoria marxista. Através do materialismo histórico, Marx propõe entender o funcionamento da sociedade para poder modificá-la. Através de uma revolução proletária, a burguesia seria retirada do controle dos bens de produção que seriam controlados pelos trabalhadores. Ainda neste contexto, Friedrich Nietzsche, faz duras críticas aos valores tradicionais da sociedade, representados pelo cristianismo e pela cultura ocidental. O pensamento, para libertar, deve ser livre de qualquer forma de controle moral ou cultural. Época Contemporânea Durante o século XX várias correntes de pensamentos agiram ao mesmo tempo. As releituras do marxismo e novas propostas surgem a partir de Antonio Gramsci, Henri Lefebvre, Michel Foucault, Louis Althusser e Gyorgy Lukács. A antropologia ganha importância e influencia o pensamento do período, graças aos estudos de Claude Lévi-Strauss. A fenomenologia, descrição das coisas percebidas pela consciência humana, tem seu maior representante em Edmund Husserl. A existência humana ganha importância nas reflexões de Jean-Paul Sartre, o criador do existencialismo. Você sabia? - É comemorado em 15 de novembro o Dia Mundial da Filosofia. BIBLIOGRAFIA Matheus Venâncio, 2009 – UNIFRAN – Universidade de Franc

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Nascimento das fábricas e urbanização.

Na vida social e econômica ocorrem, paralelamente ao desenvolvimento descrito, sérias transformações que determinam a passagem do feudalismo ao capitalismo. Além do aperfeiçoamento das técnicas, dá-se o processo de acumulação de capital e a ampliação dos mercados. O capital acumulado permite a compra de matérias-primas e de máquinas, o que faz com que muitas famílias que desenvolviam o trabalho doméstico nas antigas corporações e manufaturas tenham de dispor de seus antigos instrumentos de trabalho e, para sobreviver, se vejam obrigadas a vender a força de trabalho em troca de salário. Com o aumento da produção aparecem os primeiros barracões das futuras fábricas, onde os trabalhadores são submetidos a uma nova ordem, a da divisão do trabalho com ritmo e horários preestabelecidos. O fruto do trabalho não mais lhes pertence e a produção é vendida pelo empresário, que fica com os lucros. Está ocorrendo o nascimento de uma nova classe: o proletariado. No século XVIII, a mecanização no setor da indústria têxtil sofre impulso extraordinário na Inglaterra, com o aparecimento da máquina a vapor, aumentando significativamente a produção de tecidos. Outros setores se desenvolvem, como o metalúrgico: também no campo se processa a revolução agrícola. No século XIX, o resplendor do progresso não oculta a questão social, caracterizada pelo recrudescimento da exploração do trabalho e das condições subumanas de vida: extensas jornadas de trabalho, de dezesseis a dezoito horas, sem direito a férias, sem garantia para a velhice, doença e invalidez: arregimentação de crianças e mulheres, mão-de-obra mais barata; condições insalubres de trabalho, em locais mal iluminados e sem higiene; mal pagos, os trabalhadores também viviam mal alojados e em promiscuidade. Da constatação deste estado de coisas é que surgem no século XIX os movimentos socialistas e anarquistas, que pretendem denunciar e alterar a situação. A sociedade pós-industrial. As alterações sociais decorrentes da implantação do sistema fabril indicam o deslocamento de importância central do setor primário (agricultura) para o setor secundário (indústria). A partir de meados do século XX surge o que chamamos de sociedade pós-industrial, caracterizada pela ampliação dos serviços (setor terciário). Não que os outros setores tenham perdido importância, mas as atividades de todos os setores ficam dependentes do desenvolvimento de técnicas de informação e comunicação. Basta ver como o cotidiano de todos nós se acha marcado pelo consumo de serviços de publicidade, comunicação, pesquisa, empresas de comércio e finanças, saúde, educação, lazer etc. A mudança de enfoque descentraliza a atenção antes voltada para a produção (capitalista versus operário), agora mobilizada pelo consumo e informação.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Para Refletir 2: "O VELHO POTE RACHADO".

Um carregador de água, na Índia, levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara a qual ele carregava atravessada em seu pescoço. Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do Senhor para quem o carregador trabalhava. O pote rachado sempre chegava com água apenas pela metade. Foi assim por dois anos. Diariamente, o carregador entregando um pote e meio de água na casa de seu Senhor. Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição. Sentia-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que lhe havia sido designado fazer. Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote rachado, um dia, falou para o carregador à beira do poço: — Estou envergonhado. Quero lhe pedir desculpas. — Por que? — perguntou o homem. — De que você está envergonhado? — Nesses dois anos — disse o pote — eu fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho que leva à casa de seu Senhor. Por causa do meu defeito você não ganha o salário completo dos seus esforços. O carregador ficou triste pela situação do velho pote, e, com compaixão, falou: — Quando retornarmos à casa do meu Senhor, quero que observes as flores ao longo do caminho. À medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou muitas e belas flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu ânimo. Mas, no fim da estrada, o velho pote ainda se sentia mal, porque, mais uma vez, tinha vazado a metade da água, e, de novo, pediu desculpas ao carregador por sua falha. O carregador, então, disse ao pote: — Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado do caminho? Notou ainda que a cada dia, enquanto voltávamos do poço, você as regava? Por dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu Senhor. Sem você ser do jeito que você é, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa.

Para Refletir: "Atitude de um vencedor"

Numa determinada floresta havia 3 leões. Um dia o macaco, representante eleito dos animais súditos, fez uma reunião com toda a bicharada da floresta e disse: - Nós, os animais, sabemos que o leão é o rei dos animais, mas há uma dúvida no ar: existem 3 leões fortes. Ora, a qual deles nós devemos prestar homenagem? Quem, dentre eles, deverá ser o nosso rei? Os 3 leões souberam da reunião e comentaram entre si: - É verdade, a preocupação da bicharada faz sentido, uma floresta não pode ter 3 reis, precisamos saber qual de nós será o escolhido. Mas como descobrir ? Essa era a grande questão: lutar entre si eles não queriam, pois eram muito amigos. O impasse estava formado. De novo, todos os animais se reuniram para discutir uma solução para o caso. Depois de muito tempo eles tiveram uma idéia excelente. O macaco se encontrou com os 3 felinos e contou o que eles decidiram: - Bem, senhores leões, encontramos uma solução desafiadora para o problema. A solução está na Montanha Difícil. - Montanha Difícil ? Como assim ? - É simples, ponderou o macaco. Decidimos que vocês 3 deverão escalar a Montanha Difícil. O que atingir o pico primeiro será consagrado o rei dos reis. A Montanha Difícil era a mais alta entre todas naquela imensa floresta. O desafio foi aceito. No dia combinado, milhares de animais cercaram a Montanha para assistir a grande escalada. O primeiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. O segundo tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. O terceiro tentou. Não conseguiu. Foi derrotado. Os animais estavam curiosos e impacientes, afinal, qual deles seria o rei, uma vez que os 3 foram derrotados ? Foi nesse momento que uma águia sábia, idosa na idade e grande em sabedoria, pediu a palavra: - Eu sei quem deve ser o rei. Todos os animais fizeram um silêncio de grande expectativa. Todos gritaram para a Águia: - A senhora sabe, mas como sabe? - É simples... eu estava voando entre eles, bem de perto e, quando eles voltaram fracassados para o vale, eu escutei o que cada um deles disse para a montanha. O primeiro leão disse: - Montanha, você me venceu! O segundo leão disse: - Montanha, você me venceu! O terceiro leão também disse que foi vencido, mas, com uma diferença. Ele olhou para sua dificuldade e disse: - Montanha, você me venceu, por enquanto! mas você, montanha, já atingiu seu tamanho final, e eu ainda estou crescendo. E calmamente a águia completou: - A diferença é que o terceiro leão teve uma atitude de vencedor diante da derrota e quem pensa assim é maior que seu problema: é rei de si mesmo, está preparado para ser rei dos outros! Os animais da floresta aplaudiram entusiasticamente ao terceiro leão que foi coroado rei entre os reis.