segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Modelo de Entrevista sobre o Conhecimento de Fé.

• Nome (opcional)

• Profissão:

• idade:

• Qual a sua religião ou doutrina? Herança religiosa de seus pais ou discernimento pessoal?

• Você acredita que as crianças devem se educadas na fé? Por quê?

• O que pensa sobre o acúmulo de riqueza materiais?

• Você se considera uma pessoa ecumênica? Respeita a diversidade religiosa?

• Que valores precisam ser resgatados para vivermos bem em sociedade? Comente:

Tarefa para o 6º ano do Centro Educacional Recriarte.

Os manuscritos do Saara.
No deserto da Mauritânia, famílias preservam livros que transmitem o saber acumulado durante séculos.
Quanto tempo pode durar uma palavra desenhada no chão do Saara? Nem mesmo 1 segundo, se ela for escrita durante uma das freqüentes tempestades de areia que varrem a região. Talvez 1 minuto se os grãos secos e airados do deserto, quase líquidos e tão movediços, escorrerem por conta própria. E quanto tempo pode durar uma biblioteca levada para o coração do Saara? Meio milênio, pelo menos, se estiver sob os cuidados dos berberes da Mauritânia. Esse povo de origem nômade, que há séculos conduz caravanas de camelos pelo Saara, é famoso por seu apego ao conhecimento e pela refinada erudição de seus escritores. Não por acaso a Mauritânia ficou conhecida na História como o país dos milhões de poetas (...)
Durante a Idade Média, quando os países europeus mergulhavam no analfabetismo, os nômades do deserto misturaram sua rústica vida de pastores de camelos, vivida à luz do dia, com a leitura, á luz das lamparinas, de tratados de astronomia, além da composição de poemas épicos e de ensaios filosóficos que acabaram virando clássicos do mundo árabe.
No Saara mauritano de hoje, apesar das inevitáveis transformações trazidas pela modernidade, muitos filhos de pastores ainda são alfabetizados nas mahadras, ou “universidades do deserto”, criadas há séculos. Elas são edificações de adobe (feitas de banko, um tipo de barro extraído das margens dos oásis), erguidas numa arquitetura despojada. As lições vêm das bibliotecas do deserto, coleções preciosas de manuscritos acumulados ao longo de mais de 550 anos e transmitidos de pai para filho há dezenas de gerações. Ali os estudantes aprendem gramática árabe e os fundamentos do islamismo, a religião da Mauritânia, lendo manuscritos de próprio punho por doutores do mundo árabe, a maior parte deles ex-alunos que se transformaram em mestres dessas mesmas escolas. (...)

Farelos do tempo.

Nessa pequena cidade (Chinguetti) 130 quilômetros deserto adentro, uma dezena de bibliotecas guardam livros únicos no mundo. A coleção de livros da família Habott, por exemplo, conserva mais de 1550 obras raras, entre as quais o primeiro Alcorão escrito em papel, datado de 1059, de valor inestimável. Muitos títulos são anteriores à chegada do papel e por isso estão em pergaminhos feitos de pele de gazela. Embora tendo sobrevivido por séculos, muitas obras dessas bibliotecas já trazem sinais da deterioração pelo tempo, pelo ataque dos insetos e, principalmente, pelo constante manuseio dos alunos. Alguns volumes se esfarelam ao simples toque e estão ameaçados de desaparecer. Mesmo assim, as famílias se recusam a removê-los para museus e bibliotecas especialmente condicionados.
“Esses livros vieram das profundezas do tempo e é nossa carta de identidade cultural. Nós daríamos a vida para protegê-los, mas jamais consentiríamos na sua remoção” diz Ahmed Ould Wenane, jovem curador de uma biblioteca familiar. (...)
Hoje, os bibliotecários dedicam parte de seu tempo tentando impedir que se repita a tragédia que consumiu a vizinha Ouadane, 100 quilômetros mais ao note e que chegou a rivalizar com Chinguetti em esplendor e fama. Ouadane rendeu-se quase que inteiramente ao avanço da areia, transformando-se numa cidade fantasma. Uns poucos moradores resistem entre ruínas, palácios e mesquitas. Em Chinguetti, contudo, o orgulho pelo passado ainda mantém acesa a chama da conservação. Um dos maiores paladinos dessa batalha contra o esquecimento é Mohamed Mahmoud, jovem bibliotecário dos Hamoni. Com os recursos destinados pela UNESCO, ele vem catalogando os 250 manuscritos sob sua guarda e melhorando as condições de preservação. Com os donativos, conseguiu instalar armários de metal nas bibliotecas e proteger os volumes mais delicados em caixas de papelão. Melhorias simples, sem dúvida, mas que têm ajudado a salvar tesouros que por séculos ficaram amontoados no chão de celas escuras, separados do deserto apenas por uma pesada porta de madeira.

OS CAMINHOS DA TERRA. São Paulo: Abril. Abr. 1999. p. 54-58

Para responder no caderno.

1) A partir do texto, qual a grande herança deixada de pai para filho, que valor tem essa herança?

2) Qual a realidade vivida pela europa na idade média em comparação aos nômades do deserto?