sábado, 5 de maio de 2012

A origem da Filosofia.

Escola de Educação Professor José Arantes. Professor: José Wilson. Filosofia – 1º ano. A origem da filosofia. Segundo alguns historiadores da Filosofia, a mesma surgiu por volta do final do século VII e início do século VI a.C., na cidade grega de Mileto, na região Jônia. O primeiro filósofo foi Tales de Mileto. Tales desenvolveu a idéia da Cosmologia, ou ordem da Natureza. Formulou um conhecimento racional e sintético da mesma. Cosmos significa “ordenação do mundo e das coisas naturais” e logos significa estudo, palavra, pensamento racional. Então, a cosmologia é um estudo sobre as coisas da natureza: sua origem, o que causa, enfim. As condições históricas que favoreciam o surgimento da filosofia: 1. as viagens marítimas (contato com novas culturas); 2. a invenção do calendário (planejamento do futuro); 3. a invenção da moeda (nova abstração – a medida em que a moeda coloca sobre o mesmo valor coisas distintas) 4. o surgimento da vida urbana (foi necessário se organizar cidades conforme leis); 5. a invenção da escrita alfabética (da oralidade se passa a fixar o pensamento); 6. a invenção da política (fundamental para o surgimento do discurso e da dialética). As três características fundamentais dos mitos gregos que favoreceram o surgimento da filosofia por conduzirem à racionalização: 1. a humanização dos deuses (antropormofização: transformados em humanos, tanto em forma como em sentimento); 2. o não temor aos mortos, pois as almas ou espíritos iam para Hades e não interferiam na vida dos homens; 3. a exaltação dos valores da vida presente descritos em um mundo luminoso composto de deuses da luz. (exaltavam coragem, bravura, etc.) Essas três características afastavam o monstruoso e traziam racionalidade e clareza, o que conduzirá à visão filosófica do universo governado pela razão. A palavra dios, genitivo de Zeus, dá origem aos termos deus e dia. Diferenças entre mito e logos: 1. O pensamento mítico pertence ao campo do pensamento e da linguagem simbólica. O pensamento lógico pertence ao campo do pensamento e da linguagem conceitual. 2. A imaginação cria mitos e o pensamento elabora conceitos. 3. O mito possui caráter mágico-maravilhoso e simbólico, pode ser visto nas artes. Logos possui um caráter conceitual, próprio das ciências (filosofia). Ambas sempre existiram. De acordo com o antropólogo Claude Leví-Strauss, o mito possui sua função social: 1. explicativa: explica o presente por alguma ação passada. Exemplo: por algum erro passado estamos vivendo esta calamidade. 2. compensatória: os erros passados foram corrigidos no presente; 3. organizativa: organiza as relações sociais. Alguns mitos, por exemplo, o de Édipo, garentem a proibição do incesto. O mito organiza a realidade dando às coisas um sentido analógico, metafórico e, portanto, simbólico. Os símbolos formados a partir de analogias e metáforas são imagens com sentidos múltiplos que encarnam a própria coisa, ou seja, o símbolo mítico encarna o objeto simbolizado, portanto, ele não o representa, mas é o próprio objeto. Resumidamente, a distinção entre pensamento mítico e lógico fica evidenciada na distinção entre o pensamento cosmogônico e o pensamento cosmológico elaborados na Grécia Antiga. O pensamento cosmogônico explica a origem da natureza através de narrativas mitológicas. O pensamento cosmológico, que é próprio dos filósofos pré-socráticos, explica a origem da natureza a partir das relações e transformações entre os elementos naturais (terra, fogo, água e ar). No pensamento mítico temos imaginação, e o encarnar da própria coisa. No pensamento lógico, temos o representar a própria coisa e não o encarnar a própria coisa. Existem controvérsias sobre o nascimento histórico da filosofia, na qual dois grupos se confrontam com duas linhas de interpretação, que são: os “orientalistas” que consideram o nascimento da filosofia a partir de transformações operadas na sabedoria oriental (que era extremamente prática), e a dos “ocidentalistas” que afirmam sua originalidade na Grécia, chamando-a até mesmo de “milagre grego”. Assim, podemos afirmar que não há um “milagre grego” ou um orientalismo exacerbado, mas que a filosofia grega tem seus alicerces na sabedoria prática-oriental. Mas, se opondo ao conhecimento empírico e pragmático dos orientais, os gregos buscaram uma unidade racional que organiza e integra tanto os conhecimentos teóricos quanto os práticos. O que realmente importa, é que ouve uma passagem de uma mentalidade mito-poética “fazedora de mitos” para a mentalidade teorizante. E tal passagem resulta de um longo processo de racionalização da cultura. Não há um milagre grego. A filosofia grega tem seus alicerces na filosofia prática-oriental. Mas ela busca dar uma unidade racional, ou seja, organiza e integra tanto o conhecimento teórico como prático. Exemplos: os rituais de cura dos orientais, que tornaram-se na grécia a medicina. Matemática = aritmética e geometria. Astrologia = astronomia. Então é fundamental distinguir mas não estabelecer uma ruptura radical. Pitágoras de Samos cunhou a palavra de filosofia: palavra composta por filo, que vem de philia, ou amizade, amor, e de sophia, que significa sabedoria. Por tanto philosophia significa amizade ou amor à sabedoria. Segundo Pitágoras de Samos, a sabedoria seria privilégio dos deuses, restando aos homens apenas a possibilidade de amá-la, desejá-la, serem seus amigos, ou seja, serem filósofos. O saber filosófico, como visto na história da filosofia, significa tanto conhecimento teórico sobre o mundo, como o conhecimento prático sobre a ética e a felicidade. Os Pré-Socráticos Podemos afirmar que foi a primeira corrente de pensamento, surgida na Grécia Antiga por volta do século VI a.C. Os filósofos que viveram antes de Sócrates se preocupavam muito com o Universo e com os fenômenos da natureza. Buscavam explicar tudo através da razão e do conhecimento científico. Podemos citar, neste contexto, os físicos Tales de Mileto, Anaximandro e Heráclito. Pitágoras desenvolve seu pensamento defendendo a idéia de que tudo preexiste a alma, já que esta é imortal. Demócrito e Leucipo defendem a formação de todas as coisas, a partir da existência dos átomos. Período Clássico Os séculos V e IV a.C. na Grécia Antiga foram de grande desenvolvimento cultural e científico. O esplendor de cidades como Atenas, e seu sistema político democrático, proporcionou o terreno propício para o desenvolvimento do pensamento. É a época dos sofistas e do grande pensador Sócrates. Os sofistas, entre eles Górgias, Leontinos e Abdera, defendiam uma educação, cujo objetivo máximo seria a formação de um cidadão pleno, preparado para atuar politicamente para o crescimento da cidade. Dentro desta proposta pedagógica, os jovens deveriam ser preparados para falar bem ( retórica ), pensar e manifestar suas qualidades artísticas. Sócrates começa a pensar e refletir sobre o homem, buscando entender o funcionamento do Universo dentro de uma concepção científica. Para ele, a verdade está ligada ao bem moral do ser humano. Ele não deixou textos ou outros documentos, desta forma, só podemos conhecer as idéias de Sócrates através dos relatos deixados por Platão. Platão foi discípulo de Sócrates e defendia que as idéias formavam o foco do conhecimento intelectual. Os pensadores teriam a função de entender o mundo da realidade, separando-o das aparências. Outro grande sábio desta época foi Aristóteles que desenvolveu os estudos de Platão e Sócrates. Foi Aristóteles quem desenvolveu a lógica dedutiva clássica, como forma de chegar ao conhecimento científico. A sistematização e os métodos devem ser desenvolvidos para se chegar ao conhecimento pretendido, partindo sempre dos conceitos gerais para os específicos. Período Pós-Socrático Está época vai do final do período clássico (320 a.C.) até o começo da Era Cristã, dentro de um contexto histórico que representa o final da hegemonia política e militar da Grécia. Ceticismo: de acordo com os pensadores céticos, a dúvida deve estar sempre presente, pois o ser humano não consegue conhecer nada de forma exata e segura. Epicurismo: os epicuristas, seguidores do pensador Epicuro, defendiam que o bem era originário da prática da virtude. O corpo e a alma não deveriam sofrer para, desta forma, chegar-se ao prazer. Estoicismo: os sábios estóicos como, por exemplo Marco Aurélio e Sêneca, defendiam a razão a qualquer preço. Os fenômenos exteriores a vida deviam ser deixados de lado, como a emoção, o prazer e o sofrimento. Pensamento Medieval O pensamento na Idade Média foi muito influenciado pela Igreja Católica Desta forma, o teocentrismo acabou por definir as formas de sentir, ver e também pensar durante o período medieval. De acordo com Santo Agostinho, importante teólogo romano, o conhecimento e as idéias eram de origem divina. As verdades sobre o mundo e sobre todas as coisas deviam ser buscadas nas palavras de Deus. Porém, a partir do século V até o século XIII, uma nova linha de pensamento ganha importância na Europa. Surge a escolástica, conjunto de idéias que visava unir a fé com o pensamento racional de Platão e Aristóteles. O principal representante desta linha de pensamento foi São Tomás de Aquino. Pensamento Filosófico Moderno. Com o Renascimento Cultural e Científico, o surgimento da burguesia e o fim da Idade Média, as formas de pensar sobre o mundo e o Universo ganham novos rumos. A definição de conhecimento deixa de ser religiosa para entrar num âmbito racional e científico. O teocentrismo é deixado de lado e entre em cena o antropocentrismo ( homem no centro do Universo ). Neste contexto, René Descartes cria o cartesianismo, privilegiando a razão e considerando-a base de todo conhecimento. A burguesia, camada social em crescimento econômico e político, tem seus ideais representados no empirismo e no idealismo. No século XVII, o pesquisador e sábio inglês Francis Bacon cria um método experimental, conhecido como empirismo. Neste mesmo sentido, desenvolvem seus pensamentos Thomas Hobbes e John Locke. Conhecido como o percursor do pensamento filosófico moderno, o filósofo e matemático francês René Descartes dá uma grande contribuição para a Filosofia no século XVII ao desenvolver o Método Cartesiano. De acordo com este método, só existe aquilo que pode ter sua existência comprovada. O iluminismo surge em pleno século das Luzes, o século XVIII. A experiência, a razão e o método científico passam a ser as únicas formas de obtenção do conhecimento. Este, a única forma de tirar o homem das trevas da ignorância. Podemos citar, nesta época, os pensadores Immanuel Kant, Friedrich Hegel, Montesquieu, Diderot, D'Alembert e Rosseau. O século XIX é marcado pelo positivismo de Auguste Comte. O ideal de uma sociedade baseada na ordem e progresso influencia nas formas de refletir sobre as coisas. O fato histórico deve falar por si próprio e o método científico, controlado e medido, deve ser a única forma de se chegar ao conhecimento. Neste mesmo século, Karl Marx utiliza o método dialético para desenvolver sua teoria marxista. Através do materialismo histórico, Marx propõe entender o funcionamento da sociedade para poder modificá-la. Através de uma revolução proletária, a burguesia seria retirada do controle dos bens de produção que seriam controlados pelos trabalhadores. Ainda neste contexto, Friedrich Nietzsche, faz duras críticas aos valores tradicionais da sociedade, representados pelo cristianismo e pela cultura ocidental. O pensamento, para libertar, deve ser livre de qualquer forma de controle moral ou cultural. Época Contemporânea Durante o século XX várias correntes de pensamentos agiram ao mesmo tempo. As releituras do marxismo e novas propostas surgem a partir de Antonio Gramsci, Henri Lefebvre, Michel Foucault, Louis Althusser e Gyorgy Lukács. A antropologia ganha importância e influencia o pensamento do período, graças aos estudos de Claude Lévi-Strauss. A fenomenologia, descrição das coisas percebidas pela consciência humana, tem seu maior representante em Edmund Husserl. A existência humana ganha importância nas reflexões de Jean-Paul Sartre, o criador do existencialismo. Você sabia? - É comemorado em 15 de novembro o Dia Mundial da Filosofia. BIBLIOGRAFIA Matheus Venâncio, 2009 – UNIFRAN – Universidade de Franc